Mergulho

Mergulhar nos transporta para um outro mundo, onde podemos experimentar como é se deslocar em três dimensões, como se estivéssemos voando! Mergulhar é se permitir explorar, entrar num mundo que não é seu, e criar memórias e experiências que ficam marcadas na vida.

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Tudo começa com a parte técnica. Você aprende sobre riscos, equipamentos, e como contornar possíveis problemas nas mais diversas situações. Você aprende que não se mergulha sozinho, mas sempre com um parceiro de mergulho. Aprende a confiar, a cuidar e a dar suporte. Quando se começa a mergulhar, você passa a se conhecer melhor, prestar mais atenção àquelas pequenas coisas que muitas vezes acabam passando despercebidas.

É curioso quando revejo os vídeos de cursos de mergulho que fiz, a diferença na respiração que fica super evidente no áudio. No começo, ela é ofegante, rápida, descontrolada! Me surpreendi ao ver minha falta de percepção de algo tão simples durante a rotina. Aí surge o pensamento super racional: ‘Preciso pensar para respirar!’ Através de pequenas experiências, você começa a se controlar aos poucos, e vai aprendendo a relaxar, a prestar mais atenção à maneira como respira.

E a respiração é apenas o começo! Como desde que nascemos colocamos nossos pés no chão, ao ficar imerso na água e perder a referência de chão (literalmente falando), se movimentar passa a ser algo complexo. Você começa a bater os braços e as pernas, no instinto de nadar para se deslocar, algo que parece muito natural. É nítido ver quem está começando a mergulhar, e chega a ser engraçado, braços e pernas parecem partes de uma máquina que está trabalhando a todo vapor, o que faz com que se gaste mais energia, consuma mais oxigênio e consequentemente diminua seu tempo de mergulho, uma vez que quando se mergulha com cilindro, seu tempo de ar é limitado. Ao olhar mergulhadores mais experientes, os vê estáticos, com um controle incrível sobre sua posição e deslocamento! Quando estes se movimentam, chega a parecer um balé embaixo d’água. Aí começamos a aprender sobre outro conceito: Flutuabilidade.

E então você começa a dar importância à sua percepção corporal, o que me traz à memória uma frase que minha instrutora - Su - costumava dizer: se acalme, embaixo d’água tudo se resolve com calma. Existe uma ação para qualquer tipo de situação. Parar de bater os braços e as pernas descontroladamente e melhorar a postura, perceber seu corpo, umas partes do corpo mais firmes, outras mais relaxadas e combinar isso com sua respiração torna-se algo prazeroso e poderoso, porque no momento que se tem esse tipo de percepção, você assume o controle da situação, e a partir desse momento, meu amigo, é só alegria!

Você realmente se joga numa aventura, passa a curtir a experiência e tudo que está envolvida nela: A viagem, a preparação, o equipamento, o barco, os amigos, a vida marinha, os corais, as formações rochosas, vegetação, cores e o impacto da luz, a interação com os peixes e com o meio. Experimentar se deslocar em três dimensões é algo mágico! Tudo isso acaba gerando uma sensação incrível de liberdade e de estar vivendo uma aventura, algo especial!

E isso acaba impactando fora da água também! Quando a vida parece estar aquele caos sem controle, acabo me lembrando do impacto que parar, respirar e se acalmar tem. Precisa haver equilíbrio. Passo a prestar mais atenção no meu corpo e como eu estou naquela situação, porque, como no mergulho, a maioria das coisas na vida podem ser resolvidas com calma. Passo a dar mais importância às pessoas que estão do meu lado e cabam sendo suporte na jornada, e notando como é importante que eu também seja o suporte para elas.

A quem está lendo este texto, caso não tenha uma fobia de água, recomendo fortemente que se abra à experiência do mergulho e de explorar o mundo subaquático, que isso impacte suas viagens pelo mundo! E mais que tudo, desejo que o impacto dessas experiências sejam tão positivas na sua vida, assim como tem sido na minha.